A massa delicadamente torcida, a casquinha levemente crocante, o perfume de canela com açúcar que invade a cozinha… Poucas receitas conseguem despertar tanta nostalgia quanto a cueca virada — também chamada de grostoli, cavaquinho ou orelha-de-gato em diferentes cantos do Brasil. Embora hoje seja presença certa nas mesas do Sul, Sudeste e Nordeste, esse doce frito nasceu na Europa, como parte das guloseimas de Carnaval servidas antes do período de jejum da Quaresma Wikipédia, a enciclopédia livreComida com História. Ao cruzar o Atlântico no fim do século XIX, ganhou novos nomes, formatos e histórias, até se tornar figurinha carimbada de cafés rurais, festas juninas e reuniões familiares.
Este artigo mergulha nos bastidores históricos, ensina a receita passo a passo, revela segredos de texturas perfeitas e traz variações criativas para você impressionar qualquer paladar. No final, como pedido, apresentamos um mini-guia financeiro para ajudar quem sonha em transformar o talento culinário em renda extra — com dicas de orçamento, microcrédito e uso consciente do cartão de crédito. Boa leitura… e bom apetite!
1 | Das estradas romanas às cozinhas brasileiras: um breve panorama histórico
Doces fritos em tiras existem desde a Roma Antiga. Lá, eram chamados frictilia e consumidos na “quinta-feira gorda”, o último banquete antes da severa abstinência religiosa. Séculos depois, italianos popularizaram versões conhecidas como chiacchiere e bugie; alemães criaram seus schmalzkuchen; poloneses batizaram de faworki; e os portugueses, de coscorão. Todos compartilham uma técnica-chave: cortar a massa, abrir um furo central e “virar” a tira, formando um laço ou nó Wikipédia, a enciclopédia livre.
Quando europeus desembarcaram no Brasil, trouxeram a tradição na bagagem. No Rio Grande do Sul, famílias italianas e alemãs apelidaram o doce de cueca virada — supostamente porque a massa torcida lembrava roupa íntima masculina pendurada para secar Globoplay. Já em Alagoas e Pernambuco, a receita se misturou a ingredientes locais, como cachaça e rapadura, dominando cafés da manhã do interior. Com o tempo, perdeu a ligação com o Carnaval e virou lanche de todas as estações.
2 | Ingredientes (rende 25 a 30 unidades)
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4 xícaras (chá) de farinha de trigo
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1 ½ xícara (chá) de açúcar
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¾ xícara (chá) de leite integral (aprox. 180 ml)
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3 ovos grandes
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2 colheres (sopa) de manteiga (30 g)
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1 colher (sopa) de cachaça ou vinagre de álcool
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1 colher (sopa) rasa de fermento químico em pó
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1 pitada de sal
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Óleo vegetal suficiente para fritar
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Açúcar refinado + 1 colher (chá) de canela, para polvilhar
Por que cachaça? O álcool evapora rápido, deixando a massa menos encharcada e mais crocante depois da fritura.
3 | Passo a passo: da massa à nuvem de açúcar
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Bata e adoce
Em tigela funda, quebre os ovos, adicione o açúcar e bata com fouet até clarear. -
Adicione gordura e aromas
Incorpore a manteiga derretida, o leite e a cachaça. Misture. -
Entre com os secos
Peneire farinha, fermento e sal. Acrescente à mistura líquida, mexendo com espátula. Quando ficar pesado, sove três minutos na bancada até obter massa lisa, macia e que não grude. -
Abra, corte, vire
Polvilhe farinha na bancada. Abra a massa com rolo (espessura de 0,5 cm). Corte retângulos de ± 7×3 cm. Faça um corte central de 3 cm no sentido do comprimento. Passe uma das pontas pelo corte, criando a marca registrada da cueca virada. -
Frite
Aqueça óleo (170 °C — bolha fina ao redor de um palito de massa). Frite poucas unidades por vez, virando-as, até dourarem dos dois lados (± 2 min). Escorra em grade ou papel-toalha. -
Açucare
Ainda quentes, passe as peças na mistura de açúcar com canela. Delicie-se.
4 | Segredos de ouro
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Temperatura estável: óleo muito quente queima por fora e deixa cru por dentro; frio, encharca. Use termômetro ou o truque do palito de massa.
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Álcool ou acidez: cachaça, rum ou vinagre quebram o glúten, evitam dureza.
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Descanso curto: 10 min de repouso após sovar relaxam a massa e facilitam abrir.
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Massa fina × crocância: quanto mais fina, mais sequinha. Para versão “fofuda”, abra a 0,7 cm e reduza o tempo de fritura.
5 | Variações criativas
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Cueca virada integral – Substitua metade da farinha por farinha de trigo integral; adicione 1 colher (chá) de raspas de laranja para perfume cítrico.
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Banho de chocolate – Depois de fritas e frias, mergulhe meia peça em chocolate meio-amargo derretido. Deixe secar em papel-manteiga.
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Recheio de doce de leite – Abra cada retângulo mais largo, disponha 1 colher (chá) de doce de leite firme no centro, feche, corte e torça; frite normalmente.
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Versão assada – Pincele as tiras com manteiga derretida, asse a 180 °C por 15 min, vire e asse mais 5 min; crocância menor, mas 40 % menos gordura.
6 | Dicas
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Guarde em pote hermético até 3 dias; reaqueça por 5 min em forno a 160 °C para devolver crocância.
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Polvilhe açúcar de confeiteiro só na hora de servir, para evitar umidade.
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Para vender, prefira embalagens de celofane com silica gel e etiqueta de validade de 7 dias.
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Utilize óleo novo ou previamente coado — resíduos escurecem rápido e deixam sabor rançoso.
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Teste fritar em gordura vegetal especial para doces; ponto de fumaça mais alto e menor odor residual.
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Finanças do Fogão — Como Cozinhar Sonhos sem Queimar o Bolso
Transformar quitutes em renda é um caminho saboroso, mas exige organização financeira. Nesta sequência rápida, veja como planejar compras, acessar microcrédito e usar cartão de forma estratégica, garantindo que o lucro da sua cueca virada não escorra pelo ralo.
1 | Orçamento enxuto: cada grama conta
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Planilha de custo de produção: liste farinha, ovos, óleo, gás, embalagem e até energia elétrica. Divida o total pelo número de porções para descobrir o custo unitário. Só então defina o preço de venda.
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Compras em atacado inteligente: farinha de 25 kg pode custar até 20 % menos que pacotes de 1 kg. Se espaço for problema, forme cooperativa com vizinhos empreendedores para dividir lotes.
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Estoque enxuto: fritura pede óleo de boa qualidade; compre apenas o suficiente para uma semana e evite rancificação.
2 | Microcrédito que cabe na forminha
O Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO) atende empreendedores com faturamento de até R$ 200 mil anuais, oferecendo empréstimos com juros em torno de 2 % a.m. e orientação de agentes de crédito Portal Sebrae – Sebrae. Já o Programa Acredita, instituído em 2024, foca na renegociação de dívidas e na oferta de crédito a taxas diferenciadas para pequenos negócios Serviços e Informações do Brasil. Agora em maio de 2025, o Sebrae ampliou a linha Acredita Microcrédito, com análise simplificada e acompanhamento gratuito para MEIs Serviços e Informações do Brasil.
Dica prática: antes de pegar dinheiro, tenha um plano — quanto investir, em quanto tempo retornará e qual será a margem de lucro. Empréstimo barato sem planejamento ainda é dívida.
3 | Cartão de crédito: aliado ou vilão?
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Em fevereiro de 2025, o juro médio do rotativo bateu 450,6 % ao ano Valor Econômico.
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Desde janeiro de 2024, o CMN limita a cobrança de juros e encargos a 100 % do valor original da dívida Agência Brasil, mas ainda assim o custo é alto.
Boas práticas
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Cartão exclusivo para insumos — facilite a conferência de despesas e o cálculo do lucro;
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Pague sempre o total da fatura — o juro do rotativo pode devorar o lucro de um mês em poucos dias;
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Aproveite programas de pontos ou cashback — use o retorno para comprar embalagens ou divulgar seu negócio.
4 | Checklist para a saúde financeira da sua cozinha
✔︎ | Ação | Periodicidade |
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Registrar compras e vendas | Diária | |
Revisar preços de fornecedores | Quinzenal | |
Separar 10 % do faturamento em reserva | Mensal | |
Conferir fatura do cartão antes do vencimento | Semanal | |
Atualizar plano de negócios | Trimestral |
Encerrando a conta
A cueca virada atravessou séculos, oceanos e culturas para chegar quentinha ao seu prato — prova de que tradição rima com reinvenção. Quando unimos técnica culinária, paixão e boa gestão financeira, criamos não só sabores inesquecíveis, mas caminhos sustentáveis de renda. Siga as dicas, mantenha seus números no azul e… bom fritar!